

"Não existe energia mais barata que aquela que não se gasta"
Alfonso Beltrán atualmente é diretor geral do Instituto para a Diversificação e Economia da Energia (IDAE), organização pública empresarial adstrita ao Ministério da Industria, Turismo e Comercio de Espanha, que coordena conjuntamente com as comunidades autônomas, a consecução dos objetivos de economia e eficiência energética e energias renováveis na Espanha. Nesta entrevista nos fala sobre os desafios mais importantes aos que se enfrenta o setor energético e o papel das políticas de economia e eficiência.
Na sua opinião, quais devem ser as prioridades para acelerar o progresso para um desenvolvimento sustentável nos próximos 10 anos? Qual é a maior prioridade?
O desenvolvimento sustentável afeta a todas as atividades das empresas e cidadãos, ainda que a sua influencia na sustentabilidade global dependerá da especificidade (espécie o do que é especifico) de cada tarefa.
No caso dos recursos naturais que consumimos (minerais, água, energia, produtos agrícolas), o desenvolvimento sustentável equivale a diminuir a utilização destes recursos, para assim melhorar a qualidade de vida à nível global.
Sem sombra de duvidas, de todos os recursos, um dos prioritários é a energia, presente em todos os atos da vida cotidiana e por tanto básica no desenvolvimento e na qualidade de vida. Os recursos energéticos são cada vez mais escassos, e o seu consumo tem um grande impacto no meio ambiente.
Por isso, a economia e o uso eficiente, junto com uma produção com energias não contaminantes e autóctones levaram a nossa sociedade por um caminho sustentável de desenvolvimento.
Que sectores econômicos considera mais importante para construir uma economia verde que ajude ao desenvolvimento sustentável do planeta?
Entre os sectores decisivos para impulsar uma economia verde, muitos de eles recolhidos na Lei de Economia Sustentável, aprovada recentemente, destacam:
- O sector energético, baseado em uma oferta baixa em carbono, e dentro do possível autóctone, e na racionalização da demanda.
- A mobilidade. Um dos sectores com maior impacto no consumo de recursos é sem duvida o transporte. A redução e diversificação de este consumo contribuirão positivamente ao desenvolvimento sustentável do nosso planeta.
- Praticas de reabilitação em edifícios já existentes, para criar atividade no sector da construção e que permita aos cidadãos reduzir drasticamente o consumo energético nas suas casas.
- Tecnologias da informação e comunicação (TIC), em continuo desenvolvimento. Além de contribuir o aumento da qualidade de vida, também são um importante motor para a economia energética, evitando deslocamentos e reduzem o consumo de matérias primas.
No que se refere ao sector energético. Qual é o maior desafio hoje em dia?
Entre os maiores desafios que enfrenta Espanha se encontra a diminuição da dependência energética do exterior. Espanha é um pais quase sem recursos fósseis, por isso que a nossa dependência esta próxima ao 75%, muito além da media europeia, situada em torno ao 54%.
Este alto porcentagem, unido a situação geopolítica dos países que nos abastecem, nos fazem vulneráveis ante potenciais conflitos, como já se utilizo de manifesto no passado.
E necessário uma redução do consumo e um aumento da eficiência energética de forma que se reduza a intensidade energética, o consumo energético por unidade de PIB, ainda que melhorou sensivelmente nos últimos anos, ainda é um 15% superior à medida da União Europeia.
Também existem desafios a nível meio ambiental. O 80% das emissões de CO2 procedem dos usos energéticos e mesmo que as emissões diminuirão nos últimos anos, ainda temos que fazer um esforço adicional par cumprir com os objetivos europeus para 2020 e com o Protocolo de Kyoto.
Em todo caso, fazendo justiça vemos que as emissões de CO2 na Espanha diminuiu consideradamente, se sitiando em 2010 em torno dos 350 milhões de toneladas, quase um 4 % menos que em 2009, e valor similar registrado em 1998, devido aos esforços realizados na economia e eficiência energética e um maior uso das renováveis.
Eficiência e economia energética. Que papel devem desempenhar? Até aonde chega o seu potencial?
O papel da eficiência e da economia energética é fundamental para o desenvolvimento sustentável do nosso país.
Uma frase que se repete muito, mas totalmente certa é que não existe energia mais barata que aquela que não se consome, disso a importância de implantar medidas para lograr a eficiência energética em todos os sectores e conscientizar aos consumidores dos benefícios da economia energética.
A economia e a eficiência energética são fundamentais para conseguir seguridade na distribuição energética, diminuir as emissões de CO2 e fomentar a implantação e o desenvolvimento das energias renováveis.
Os objetivos fixados pela União Europeia para 2020 em matéria de economia e eficiência energética (aumento da eficiência energética num 20%) dão a este sector um importante potencial em todos os níveis, mais ainda nos tempos de crises econômica que vivemos na atualidade, onde a eficiência se perfila como um instrumento imprescindível para melhorar a situação econômica, criar riqueza e fomentar o emprego.
Para contribuir com esses objetivos o Conselho de Ministros aprovo o passado 29 de julho o Plano de Ação de Economia e Eficiência Energética (PAEE 2011-2020) que tem como objetivo uma economia anual de 35.585 ktep, um total de 133.000 ktep de economia de energia primaria no período 2011-2020 e uma melhora da intensidade final de 2% anual.
Enquanto aos benefícios sócio econômicos, os resultados mostram: em 2009 o sector da eficiência energética empregava de forma direta a mais de 106.000 pessoas, com um aporte direto ao valor agregado bruto (VAB) de 7.400 milhões de euros
A atuação de eficiência energética na edificação e transporte são as mais relevantes, contribuem num 65% no total de empregos. As previsões futuras para a eficiência energética são favoráveis, já que se prevê 288.000 empregos diretos no sector em 2020 onde aportaram ao VAB de 20.136 milhões de euros, com um crescimento superior ao esperado para a economia espanhola neste período.
Além, a economia e a eficiência energética são um instrumento eficaz para a redução de emissões de CO2, contribuindo em 65% na redução das mesmas.
Destaco que desde 2005, Espanha vem diminuindo paulatinamente sua intensidade energética, o que significa melhoras consideráveis na eficiência energética. O ritmo de melhora é maior que do resto de países europeus, mas ainda estamos em níveis de intensidade energética piores que a media europeia.
Faltam muitas coisas por fazer neste campo, mesmo avançando de forma rápida, com exemplos positivos de realizações, como são as grandes implantações das lâmpadas de baixo consumo e os eletrodomésticos eficientes, os programas de apoio aos veículos elétricos e híbridos, aos edifícios de consumo quase zero e as empresas de serviços energéticos.
Des do seu ponto de vista, quais são os retos, barreiras, riscos e oportunidades no desenvolvimento das energias renováveis. A nível econômico, social e ambiental?
Não existe outra opção que o fomento das energias renováveis e a eficiência energética para reduzir a dependência energética.
O principal reto que se enfrenta Espanha, e o resto dos estados membros da UE, é o cumprimento do objetivo imposto a 2020 (aumento da eficiência energética em 20%, aumento das renováveis em 20% e diminuição dos gases de efeito estufa em 20% e outros acordos similares como o proclamado pela UE de reduzir em 80% as emissões de CO2 em 2050.
São muitas as barreiras que se ???? ao desenvolvimento das energias renováveis, assim mesmo, nos últimos anos, estas barreiras se estão superando, levantando as renováveis como um sector gerador de riqueza e emprego.
A principal barreira que existe na atualidade são os custos, ainda superiores aos das tecnologias convencionais, a dificuldade de armazenamento da energia elétrica gerada com renováveis, os intercâmbios internacionais, a falta de desenvolvimento legislativo para alguma tecnologia, a logística de distribuição, a integração arquitetônica e a sustentabilidade ambiental dos materiais.
Existem tecnologias com um amplio desenvolvimento tecnológico ao que nosso país está contribuindo de modo destacado, como por exemplo a energia eólica ou a solar termoelétrica. Enquanto que existe outras tecnologias necessitas de maior desenvolvimento e redução de custos e outras que se encontram ainda numa etapa muito incipiente. Por isso é fundamental promover a inovação e o desenvolvimento tecnológico, para continuar sendo, como somos, referente mundial em muitas tecnologias renováveis e para poder ser as menos maduras no futuro.
As oportunidades são muitas e variadas. As energias renováveis e a economia energética se presentão como uma via para sair da crises econômica em que nos vemos imersos.
Além, assim como ocorre com a eficiência energética também as energias renováveis aportam muitos benefícios a nível social e econômico. Estudos recentes, incluídos no Plano de Energias Renováveis (PER 2011-2020), mostram que as renováveis representavam em 2010 o 0,98% do PIB da Espanha e empregava de forma direta a 70.152 pessoas.




















